Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade da Califórnia (UCLA) descobriram que as anormalidades provocadas pelo vírus zika em bebês antes do nascimento são mais variadas e frequentes do que se acreditava. A maior pesquisa de coorte já realizada sobre Zika registrou anormalidades em 46% das 125 gestações analisadas. O estudo sugere que os danos fetais provocados pelo vírus zika podem ocorrer ao longo de toda a gravidez e são muito mais variados do que apenas a microcefalia. Além disso, algumas anomalias só podem ser detectadas apenas semanas ou meses após o bebê ter nascido.
O Revista Brasil entrevistou uma das pesquisadoras que participou do estudo, Tânia Saad, do Instituto Fernandes Figueira. A pesquisadora alertou para a necessidade de um acompanhamento das crianças cuja gestação registrou infecção da mãe pelo vírus da zika mesmo depois de encerrado o período crítico para o desenvolvimento encefálico, entre seis e 32 meses.
O estudo revelou que um bebê aparentemente normal pode apresentar algum tipo de anormalidade não detectada em exames usuais de rotina. É muito importante saber isso porque, de acordo com as pesquisadoras, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais oportunas e efetivas poderão ser as medidas de intervenção que assegurem o melhor desenvolvimento dessas crianças.
Este é o maior estudo até aqui a acompanhar mulheres desde o momento da infecção até o fim da gravidez. Todas as mulheres foram inscritas antes de serem identificadas anormalidades em suas gestações.
Ouça a entrevista que foi ao ar no programa desta terça (16).