Digite sua busca e aperte enter

Compartilhar:

Desvendando o "Opus": O termo que classifica as composições

O que significa exatamente quando uma peça é chamada de Opus 1 ou Opus 50? E como os compositores organizam suas obras ao longo da vida? Saiba já!

Caderno de Música

No AR em 13/10/2024 - 14:30

Neste domingo (13), o Caderno de Música, pela série “Elementos da Música”, explica o significado de "Opus", um termo que você provavelmente já ouviu muitas vezes na nossa programação.

A palavra opus vem do latim e significa “obra”. Na música, é uma maneira de registrar, classificar e catalogar as composições de um autor. Cada número de opus corresponde a uma obra ou a um conjunto de obras de um compositor, refletindo diferentes momentos de sua carreira. Isso ajuda tanto músicos quanto estudiosos a rastrear o desenvolvimento da trajetória de um artista. Embora essa prática tenha surgido no século XVI, foi apenas a partir do século XVII que seu uso se popularizou, especialmente com as editoras venezianas, que adotaram amplamente o sistema.

Importante ressaltar que nem sempre essa numeração do opus reflete a ordem exata em que as peças foram compostas. Por exemplo, Ludwig van Beethoven, um dos grandes mestres da música clássica, tem como "Opus 1" três trios para piano, compostos em 1795. Entretanto, há obras que ele compôs antes disso, que foram publicadas sem um número de opus , ou que receberam um número posteriormente. Apesar disso, sabemos que esse "Opus 1" de Beethoven é uma obra do início da carreira do compositor, e traz alguns elementos estéticos característicos do período clássico, como formas bem definidas e clareza entre os instrumentos. Esta obra foi apresentada pela primeira vez em 1793 na casa do príncipe Lichnowsky, a quem ela foi dedicada e publicada dois anos depois, em 1795.

Em contraste, sua última peça numerada, a abertura "Leonora nº 1", "Opus 138", já apresenta características marcantes do Romantismo, evidenciando a evolução de seu estilo ao longo dos anos. Composta em 1805, esta foi a última obra de Beethoven a receber um número de opus , embora ele tenha escrito várias outras peças posteriormente, que receberam numeração menor ou outra classificação. Isso porque é bastante comum que obras descobertas após a morte do compositor sejam catalogadas como opus posthumous ou com a sigla "WoO" (Werk ohne Opuszahl) , que significa "obra sem número de opus".

Além da classificação de opus, você já deve ter notado que algumas músicas recebem um outro tipo de nomenclatura. As de Mozart, por exemplo, são catalogadas com a letra "K" ou "Kv", em referência a Ludwig von Köchel, que dedicou sua vida a organizar a música de Mozart. Em 1862, Köchel publicou um catálogo cronológico das obras do compositor, desde sinfonias até pequenos minuetos. Um exemplo famoso é a "Pequena Serenata Noturna", composta em 1787 e catalogada como "K.525".

Outro exemplo interessante de catalogação são as obras de Johann Sebastian Bach. Como ele viveu antes do uso generalizado do termo opus, suas composições foram organizadas como "BWV" , que significa Bach-Werke-Verzeichnis , ou "Catálogo das Obras de Bach". Um de seus trabalhos mais famosos, a "Toccata e Fuga em Ré menor", é catalogado como "BWV 565".

A sigla "BWV" é fundamental para o estudo de Bach, pois ele escreveu centenas de obras, muitas sem uma ordem clara de publicação em vida. Criado no século XX, o catálogo "BWV" organiza suas composições por gênero — cantatas em uma seção, fugas em outra, e assim por diante.

Além do "Köchel" (para Mozart), o "BWV" (para Bach) ou do "Opus" (utilizado na grande maioria das composições), muitos outros compositores têm sistemas próprios de classificação de suas obras. Franz Schubert, por exemplo, também utilizava o termo opus , mas as suas composições são mais conhecidas pela numeração do catálogo "Deutsch", desenvolvido por Otto Erich Deutsch.

Essas formas de catalogar ajudam a entender a enorme quantidade de obras deixadas por compositores e a navegar pela produção musical de cada um deles. Muitos desses sistemas foram organizados por musicólogos muito tempo depois da morte dos compositores, facilitando o estudo e a performance de suas músicas.

Além dos exemplos citados, há outras formas conhecidas de catalogação, como o "HWV" para as obras de Handel e o "S" (de Searle) para as de Franz Liszt. As composições de Antonio Vivaldi são organizadas pelo sistema "RV", criado por Peter Ryom, que segue o padrão Ryom Verzeichnis. Um exemplo famoso é "As Quatro Estações", com o concerto "Primavera" catalogado como "RV 269".

Saiba mais no Caderno de Música. Domingo às 14h30, na Rádio MEC.

Criado em 10/10/2024 - 12:04 - Episódio Caderno de Música 13/10/2024 - opus

Mais do programa