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Série “Elementos da Música” fala sobre os “Noturnos"

No repertório, confira os noturnos de Frédéric Chopin, John Field, Franz Listz e Claude Debussy

Caderno de Música

No AR em 06/10/2024 - 14:30

Neste domingo (6), o Caderno de Música fala sobre os "Noturnos" e aborda as principais características deste estilo surgido no período romântico.

O Noturno, como o próprio nome sugere, é um tipo de composição que evoca a noite, ou é inspirada por ela, e traz uma característica serena ou meditativa. Embora o termo "noturno" seja amplamente associado à música romântica (particularmente à obra de compositores como Frédéric Chopin), suas raízes podem ser encontradas em práticas musicais anteriores. Um dos primeiros exemplos são as serenatas e nocturnas do século XVIII, geralmente destinadas a apresentações ao ar livre, em eventos sociais noturnos, como festas e celebrações. Essas peças, muitas vezes orquestrais, eram leves e festivas, diferentes do caráter íntimo e contemplativo que o noturno adquiriria mais tarde.

No entanto, segundo alguns registros, foi o compositor irlandês John Field quem formalizou o noturno como um gênero autônomo. Field viveu entre 1782 e 1837, e é lembrado até hoje por seu conjunto de dezoito noturnos para piano solo, cujas características definiriam a forma musical nas décadas seguintes. As peças de Field são conhecidas por sua suavidade, lirismo e exploração de um clima noturno de serenidade. Ele estabeleceu a estrutura básica do Noturno, que normalmente se compõe de uma melodia cantabile sobre um acompanhamento arpejado ou figurado, com ênfase em criar uma atmosfera lírica e introspectiva.

O Noturno é, por essência, uma peça curta para piano, de caráter intimista, com uma melodia lírica, muitas vezes acompanhada por acordes quebrados ou arpejos suaves. O tom é frequentemente melancólico ou reflexivo, evocando a quietude e os mistérios da noite. Outra característica importante dos noturnos é o uso de dinâmicas sutis e variações no tempo, que permitem ao intérprete grande liberdade expressiva.

Com o seu conjunto de 18 Noturnos compostos entre 1812 e 1836, John Field foi o pioneiro do gênero, mas é Frédéric Chopin quem geralmente é mais associado aos Noturnos, compondo as principais obras neste estilo. Chopin elevou o noturno a novas alturas, introduzindo maior complexidade harmônica, uso sofisticado de dissonâncias e cromatismos, e uma exploração emocional mais profunda. Seus 21 Noturnos para piano solo apresentam desde o lirismo tranquilo até momentos de grande tensão e drama, revelando as complexidades da experiência humana e se tornando a própria personificação do estilo romântico. As influências dos noturnos de Field, entretanto, ainda são bem evidentes nas obras de Chopin, em especial no seu noturno mais famoso, o "opus 9, número 2".

Além de Chopin, outros compositores também contribuíram para o gênero. Franz Liszt escreveu noturnos que seguem a tradição de Field e Chopin, mas, como era de seu estilo, introduziu mais virtuosismo e momentos de grande intensidade dramática.

Outro compositor que também escreveu importantes Noturnos para piano foi Gabriel Fauré, um dos principais compositores franceses do final do século XIX. Suas obras são mais introspectivas, revelando uma linguagem harmônica mais moderna e refinada, refletindo a transição para o impressionismo.

Embora tenha surgido como uma obra para piano solo, podemos encontrar diversos Noturnos para orquestra, como o de Mendelssohn na música de cena para “Sonho de uma noite de verão”, e os três Noturnos para orquestra e coro feminino de Claude Debussy. Com sua linguagem impressionista, Debussy trouxe novos significados ao gênero, onde a noite é tratada mais como uma atmosfera sonora do que como um cenário emocional, como na peça "Nuages" (Nuvens). A obra é mais atmosférica e menos narrativa, focando em criar sensações sonoras e texturas, um grande contraste com o lirismo melódico de Chopin.

Escute o Caderno de Música todo domingo às 14h30, na Rádio MEC.

Criado em 03/10/2024 - 09:37 - Episódio Caderno de Música 06/10/2024 - “Noturnos"

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