Com a pandemia, a situação de pobreza, que já era grave no Brasil, se tornou ainda mais ameaçadora. A avaliação é do economista e consultor de políticas da organização internacional ActionAid Francisco Menezes, neste Dia Nacional de Combate à Pobreza.
Confira a entrevista no player acima.
Ajuda na pandemia
Francisco explicou que diversas organizações da sociedade se mobilizaram desde o início da pandemia para ajudar.
"Pobreza não é só falta de renda, mas diante da situação provocada pela pandemia, se multiplicou o número de famílias sem qualquer renda. E, nesse sentido, o auxílio-emergencial se constituiu num ponto importante para que não chegássemos a uma situação de caos", afirmou.
A ActionAid fez uma distribuição muito grande de cestas de alimentos por meio de seus parceiros. "Conseguimos atingir 192 comunidades no Brasil, em parceria com 18 organizações locais, fazendo uma distribuição para mais de 40 mil famílias até setembro." Segundo Menezes, o auxílio-emergencial pago pelo governo federal ajudou bastante, assim como as outras políticas públicas, "mas a ação imediata da sociedade civil e das organizações foi fundamental num primeiro momento."
Segunda onda da covid-19
Nesta entrevista ao Revista Brasil, o consultor da ActionAid também alerta sobre o risco de uma possível segunda onda da covid-19 aliada ao término do pagamento do auxílio-emergencial.
"Nós, que trabalhamos mais diretamente com comunidades pobres, vimos crescer consideravelmente situações de fome. Já sentimos agora, quando o auxílio foi reduzido à metade, diversas manifestações da volta, ou do receio, de que estaria muito grande uma retomada de situações de fome mais agudas", pontuou.
Para ele, uma das possibilidades de dar continuidade ao pagamento do auxílio-emergencial é a reforma tributária. "Se argumenta sobre a capacidade de pagamento do país. Para um programa dessa dimensão, que chegou a contemplar 60 milhões de pessoas, existe como o país buscar recursos. Eu falo de uma reforma tributária, mas que de fato taxasse a super riqueza."